Thursday, August 4, 2011

4 de Agosto; O dia que a França fechou todas as igrejas

No geral, a Revolução Francesa foi muito hostil com o cristianismo e às instituições que a igreja tinha construído ao longo dos séculos.


Os revolucionários seguiram uma política errática na direção da igreja e da fé, por vezes eles tentaram influenciar os sacerdotes para ficarem do seu lado. Muito cedo na revolução, enquanto o rei ainda estava vivo, a igreja católica foi declarada a única igreja da nação. Mas, curiosamente, os revolucionários agiram completamente ao contrário dos interesses de qualquer igreja, mesmo a católica.


Os clérigos não eram inocentes. Seus bispos eram em grande parte provenientes das classes dominantes. Como a perseguição aos huguenotes mostrou, eles estavam sem tolerância. Na verdade, os huguenotes não foram expulsos da França, seu zelo por Cristo, sua ética protestante e sua fé poderiam ter evitado a revolução. As crueldades da Inquisição na França foram notórios. Muitas vezes a igreja estabelecida naquele lugar não tinha mostrado o amor de Cristo. Claramente, os filósofos, que rejeitaram a igreja e abraçaram o agnosticismo, deísmo, ou ateísmo, tiveram uma forte justificativa histórica para seus ataques contra a igreja. E muitos dos que ocuparam altos cargos no seio da Revolução pensavam como eles.




Já em agosto de 1789, as igrejas tiveram que começar a pagar todos os impostos. Quando a Declaração dos Direitos do Homem foi emitida, meramente tolerada na religião, com as palavras "Ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo sendo opiniões religiosas" Um decreto de novembro em 1789, declarou que todos os bens da igreja seriam colocados à disposição da nação. Um mês depois, uma grande quantidade de propriedades de igrejas foram vendidas. No início do ano seguinte, os votos religiosos foram proibidos. No entanto, a Assembleia Nacional concordou em pagar salários dos ministros religiosos. Quando o papa  católico condenou a Declaração de Direitos, a metade dos sacerdotes jurou defender a Constituição nova enquanto o resto se recusou. Eles eram considerados anti-revolucionários .


Estes anti-revolucionários, chamados de não-jurados, foram proibidos de pregar em suas igrejas. Cada vez mais eles se viam sob restrição e ataque, agora tambem da igreja.


A facção anti-clerical deve ter ficado muito satisfeita quando a legislação fechou todas as casas religiosas neste dia, 04 de agosto de 1792. Cluny, um mosteiro de muita tradição, foi destruído, enquanto outros tornaram-se prisões. Mais tarde, naquele mês um juramento de liberdade e igualdade foi criado, ao qual, todos os clérigos deveriam aderir. No dia 26, com os nervos a flor da pele, um decreto ordenou que todos os clérigos "não-jurados" fossem expulsos da França dentro de duas semanas. Apenas os doentes e os idosos sozinhos foram dispensados. A pena foi exportação para Guiana tropical, vizinha do Brasil.


Estava tudo acabado, sacerdotes franceses foram caçados, perseguidos e executados. Um deus deísta foi proclamado por Robespierre, e, finalmente, uma deusa (representada por uma prostituta) foi feita a divindade oficial de uma França que diariamente, mergulhava em sangue enlouquecido, somados a ziguezagues na política, isso poderia ser tudo, menos razoável. Alguns templos  tornaram-se palco de cenas de ritos que zombavam do evangelho. Estes acontecimentos servem para nos lembrar que é mais fácil nos lançarmos em correntes políticas do que lançarmos fora as cadeias do pecado.

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